O que fazer quando os conflitos familiares se convertem numa constante e explodem por qualquer motivo? Como assumir e expressar raiva, medo, frustração ou tristeza, sem ter a impressão de colocar em risco o amor e a confiança? Como formar e educar as crianças sem recorrer ao castigo físico?
A resposta está em utilizar estratégias educativas que não utilizam a
violência física e psicológica e que promovem o desenvolvimento físico,
emocional e social dos filhos e filhas de forma saudável e
participativa, o que chamamos de estratégias de educação positiva.
Educar não é nada fácil. Depois de um dia inteiro de problemas, mães e
pais chegam em casa e precisam cuidar dos filhos. E as crianças querem
atenção, nem sempre obedecem e pedem tudo. É muita pressão.
Nessa hora a palmada ou um tapinha de leve parecem uma boa ideia. Sem
que a criança entenda direito, os mesmos pais que dão comida e beijinho
de boa noite, de vez em quando aparecem com o chinelo na mão. Para não
apanhar, as crianças passam a preferir a distância e o silêncio. Mentem
para evitar brigas e escondem seus erros. Aos poucos, quase nada se
resolve sem gritos ou ameaças. E o resultado disso é que as crianças, ao
invés de respeitar os pais, ficam com medo deles.
Muitos pais apelam para a violência porque é comum acreditar que é a
melhor forma de manter a autoridade e de proteger os filhos. Antigamente
se achava que castigos físicos e humilhantes faziam parte da educação.
Hoje, se sabe que não é bem assim. Existem formas carinhosas de educar
que dão resultado. Reunimos aqui algumas dicas de educação que você pode
aliar a estratégias específicas de educação positiva, para garantir ao
seu filho um desenvolvimento pacífico, feliz e livre de violência.
1. Se acalme – Respire fundo antes de chamar a
atenção de seu filho ou filha. Evite discutir os problemas enquanto
estiver com raiva, porque nesses momentos podemos dizer coisas
inadequadas para a aprendizagem das crianças, que podem magoá-las tanto
quanto nos magoariam se fossem dirigidas a nós.
2. Sempre tente conversar com as crianças, mantendo abertos os canais de comunicação – Entender porque algo está acontecendo ao conversar com a criança é o primeiro passo para encontrarem a solução juntos.
3. Seja o exemplo - É preciso que
você mantenha um comportamento que possa ser seguido pela criança. Por
exemplo, beber suco diretamente da garrafa irá ensiná-lo que esse é um
comportamento adequado. Assim como falar mal das pessoas depois de
encontrá-las. Seu filho aprenderá muito mais com o seu exemplo do que
com o que você diz a ele sobre o que é certo ou errado.
Isso vale também para os pequenos atos de higiene do cotidiano:
escovar os dentes, lavar as mãos antes de comer, etc. É mais fácil para a
criança criar e manter essa rotina se você também a realiza.
4. Jamais recorra a tapas, insultos ou palavrões – Como
adultos não queremos ser tratados assim quando cometemos um erro. Então
não devemos agir assim com nossos filhos. Devemos tratá-los da maneira
respeitosa como esperamos ser tratados por nossos colegas, amigos ou
pessoas da família, quando nos equivocamos. Precisamos compreender que
as crianças são seres humanos como nós adultos.
5. Não deixe que a raiva ou o stress acumulados por outras razões se manifestem nas discussões com seus filhos – Seja justo e não espere que as crianças se responsabilizem por coisas que não lhes dizem respeito.
6. Converse sentado, somente com os envolvidos na discussão – Isso
contribui para uma melhor comunicação. Mantenha a calma e um tom de voz
baixo, segure as mãos enquanto conversam. Ocontato físico afetuoso
ajuda a gerar maior confiança entre pais e filhos e acalma as crianças.
7. Considere as opiniões e ideias dos seus filhos –
Muitas vezes as explicações sobre o ocorrido não são nem escutadas pelos
pais. É importante ouvir o que as crianças têm a dizer. Tome decisões
junto com eles, comprometendo-os com os resultados esperados. Se o
acordo funcionar, dê parabéns. Se não funcionar, avaliem juntos o que
aconteceu para melhorarem da próxima vez. A conversa é fundamental.
8. Valorize e elogie as atitudes positivas – Ela
colocou a roupa suja no cesto de roupas, fez um desenho para você,
amarrou o calçado sozinha ou colocou no lugar algo que você pediu?
Elogie. Todas essas pequenas coisas são frutos de um esforço da criança,
e o elogio é um estímulo.
9. Busque expressar de forma clara quais são os comportamentos que não gosta e te aborrecem
– Explique o motivo de suas decisões e ajude as crianças a entendê-las e
cumpri-las. As regras precisam ser claras e coerentes para que as
crianças possam assimilá-las.
10. “Prevenir é melhor do que remediar, sempre” - Criar
espaços de diálogo com as crianças desde pequenos colabora para que
dúvidas e problemas sejam solucionados antes dos conflitos. Integrá-las
nas atividades do dia a dia evita que tentem chamar a atenção de outras
formas.
Se precisa fazer compras e terá que levar seu filho pequeno, você
pode deixá-lo ajudar nas compras, conversando com ele sobre o que está
comprando. Peça para ele falar o que acha de um determinado produto. Se
for uma criança mais velha, ela pode ter maior mobilidade e ir pegar
outros produtos enquanto você está em outro setor do supermercado.
11. Peça desculpas, todos erramos – Caso
tenha errado e se arrependido, peça desculpas às crianças. Elas
aprendem mais com os exemplos que vivenciam do que com os nossos
discursos.
12. Procure compreender a criança e saber o que esperar dela
– Uma criança de um ano e meio já consegue se alimentar sozinha e este é
um comportamento que deve ser estimulado pelos pais e educadores. Mas é
preciso paciência e, ao invés de se irritarem com a possível “lambança”
que a criança irá fazer, estimule-a a se alimentar por conta própria.
Plástico ou jornais embaixo da cadeira que a criança está comendo torna
mais fácil a limpeza do local depois da refeição.
13. Deixe as consequências naturais do comportamento inadequado acontecerem ou aplique consequências lógicas – Consequência
natural: a criança está brincando de maneira violenta com seus
brinquedos. Você a avisa que ele pode se quebrar, mas ela continua a
brincar da mesma maneira até que ele finalmente se quebra. Logo em
seguida ela pede para você comprar outro. Neste momento, você deve
relembrá-la do aviso que lhe foi oferecido e negociar com ela esta nova
compra.
Consequência lógica: a criança não cumpre com o que foi acordado com
os pais sobre xingar os irmãos. Ela, então, ficará no “cantinho do
castigo” o tempo adequado para a sua idade.
Importante: consequências são diferentes de
punições. Estas últimas machucam as crianças, física e emocionalmente,
deixando-as com raiva, inseguras e tristes. Já as consequências ensinam.
Mas é preciso ter cuidado para não submeter a criança a situações de
perigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário