A época em que as mulheres eram
classificadas de “sexo frágil” já não existe mais. Hoje, elas fogem
desse estereótipo, fincando cada vez mais as suas bases na sociedade.
Não é difícil encontrá-las em funções assumidas em outrora apenas por
homens, nem é mais estranho encontrar lares gerenciados totalmente por
elas. Entretanto, fora desse âmbito das conquistas econômicas, a
violência doméstica ainda é uma realidade vivida por muitas. Elas são
espancadas, torturadas, humilhadas e mortas e, na maioria dos casos, a
impunidade impera. É
lastimável evidenciar uma realidade dessas, mesmo com a sanção da Lei
Maria da Penha no ano de 2006, a qual garante a proteção das vitimas de
violência, bem como a punição dos acusados. Ainda assim, só no ano de
2010 os números de homicídios contra mulheres em todo o Brasil cresceram
assustadoramente. Muitos desses casos não foram solucionados ou foram
arquivados por falta de provas. Esse balanço da criminalidade contra a
ala feminina não foi ratificado por mero capricho textual, mas sim por
informações concedidas com frequência pelos meios midiáticos durante o
ano passado.Assaltos,
estupros, atentados e todos os outros tipos de violência física e
verbal fizeram parte do quadro de abuso sofrido por elas nesse período.
Muitas não têm coragem suficiente ainda de denunciar o agressor, por
medo ou dependência financeira. Além disso, falta nas delegacias um
aparato que garanta a total proteção dessas vitimas. Se for feito um
levantamento da quantidade de espaços especializados nesse tipo de
atendimento, verifica-se que a deficiência do serviço também é um fator
latente, impedindo que muitas delas sintam-se seguras para fazer a
denuncia. E
com isso o martírio delas continua entre a dor e a impunidade, entre a
violência e o medo, entre a morte e o descaso. Essa é a dura vida de
muitas, de classes sociais variadas, que por razões diversas não
procuram os meios legais para solucionarem os seus problemas. Por isso,
pensar que a criação da Lei Maria da Penha foi o suficiente para acabar
com as agressões, enganou-se. Essa Lei é um pequeno bloco de concreto da
imensa obra da qual elas terão que construir.De
qualquer forma, atos de violência dessa magnitude não podem ser
tolerados, sobretudo num país onde elas são a maioria. A nossas esferas
legais devem ser mais operantes nesse sentido para que seja garantida a
proteção integral das mulheres que sofrem abusos, punindo severamente os
acusados. Não se pode permitir que uma discussão verbal termine em
espancamento e morte. Acabar com a violência em toda a sua amplitude é
uma responsabilidade da qual todos devem assumir.